domingo, 11 de setembro de 2011

A carta de Pedro Marinho Falcão

O doutor Pedro Marinho Falcão é um destacado fiscalista e uma personalidade de grande valia pública e a quem tenho a honra de chamar amigo. Não porque nos vejamos todos os dias, sequer uma vez por ano (talvez duas por década), mas porque ele foi meu professor e mais tarde nos cruzámos nas lides profissionais de uma forma sui generis. A forma como superámos a questão - a sua ética, a sua deontologia, o seu carácter impoluto - estabeleceu esse respeito mútuo, que é mais forte do que muitas amizades rotineiras. As palavras que ele deixou para me dizer neste dia 11 de Setembro de 2011 são de tal forma importantes para mim e para o livro "A manhã do mundo" - conhecendo, como conheço, a sua exigência pessoal e profissional - sei bem que se calaria se tivesse desgostado -, que lhe pedi autorização para as publicar - não valem nem um pedaço menos do que qualquer crítica encartada. Aqui ficam, servindo de de exemplo para todas as palavras boas de tantos leitores exigentes de quem tenho recebido apoio entusiástico. Obrigado a todos:

"Meu caro Pedro

Decidi estas férias fazer algo diferente: procurei um destino mais calmo para quebrar as rotinas de uma vida complexa e preenchida

Fui para Porto santo uma semana e levei companhia: o teu livro.

Esperei que fosse dia 11 de Setembro para te dizer o que te escreverei, porque falar sobre um livro que versa o 11 de Setembro no dia 30 de Agosto ou no dia 9 perdia algum encanto.

Por isso quis fazê-lo neste dia.

Isto dito,

Ao contrario do habitual (demoro algum tempo a ler os livros não jurídicos), desta vez em 4 dias tinha esgotado a leitura.

Mas não foi obra do acaso: a obra é cativante, entusiasmante e viciante. Pela história, pelo enredo e pela surpresa que esperamos descobrir na página seguinte.

Era difícil parar.

Consegues envolver o leitor (peça fundamental deste sistema) na história, cativar a sua atenção e transmitir uma mensagem. O tema em si é excelente e soubeste trabalhar muito bem numa lógica de ficção uma historia que o inimaginável até 10 de Setembro quis que fosse verdadeira.

Estás de parabéns que são também devidos pela semântica: um estilo simultaneamente erudito mas não hermético, conseguindo atingir um largo leque de leitores.

Espero que quem se interesse pela leitura saiba apreciar o valor que o teu livro tem, e que isso seja para ti o perfume necessário para que continues a escrever, pois os teus leitores, onde me incluo, ficaram credores de novas obras e não te deixarão de tributar a frustração das (legitimas) expectativas que criaste.

Aceita um abraço de amizade e admiração

Pedro

Pedro Marinho Falcão"